Minha Abordagem
Conheça a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP)
Uma forma de cuidar que começa pela confiança no humano — não pela tentativa de moldá-lo.
A Abordagem Centrada na Pessoa é uma perspectiva terapêutica fundamentada no Humanismo e criada por Carl R. Rogers (1902–1987), um dos psicólogos mais influentes do século XX. Ela surgiu em contraponto às práticas da época que priorizavam o diagnóstico, a autoridade do terapeuta e a interpretação técnica da experiência do outro.
Em vez disso, Rogers propôs algo radical para a época — e ainda profundamente transformador hoje:
A ideia de que o ser humano é, por natureza, capaz de crescer, se reorganizar e encontrar sentido, desde que se veja num ambiente relacional seguro, acolhedor e autêntico.
O que a ACP propõe, em essência?
-
Que o centro do processo terapêutico é a pessoa — e não o terapeuta.
-
Que a mudança não precisa ser imposta, mas pode emergir de um espaço onde há confiança, empatia e liberdade.
-
Que cada pessoa já possui, em si, os recursos para encontrar suas próprias respostas — ainda que estejam soterrados pela dor, pela pressa ou por experiências de invalidação.
Princípios Fundamentais da ACP
-
Empatia compreensiva
É mais do que “ter pena” ou “ser simpático”.
É sentir com o outro, por dentro, sem julgamento.
É uma escuta que se esforça para entender como o mundo é vivido do ponto de vista da própria pessoa. -
Consideração incondicional positiva
Aqui, a pessoa não precisa “se comportar bem” para ser aceita.
Ela é acolhida em sua totalidade — mesmo com contradições, confusões, emoções difíceis.
Isso não significa aprovar tudo, mas sim reconhecer o valor da pessoa para além de seus comportamentos. -
Congruência (autenticidade)
O terapeuta não finge neutralidade nem se esconde atrás de um papel técnico.
Ele se permite ser genuíno na relação, com responsabilidade clínica, sem armaduras.
Essas três atitudes, quando vividas de forma real pelo terapeuta, criam um clima psicológico propício ao crescimento.
Base Teórica e Científica
-
A ACP se insere no campo da Psicologia Humanista, ao lado de nomes como Abraham Maslow e Rollo May.
-
Influenciou o desenvolvimento de áreas como a Psicologia Positiva, a Psicologia Existencial e a Psicologia Fenomenológica.
-
Possui vasta produção acadêmica em escala internacional, com validações em diferentes culturas e contextos.
-
A obra de Carl Rogers inclui títulos clássicos como:
– “Tornar-se Pessoa” (1961)
– “O Processo de Tornar-se Pessoa” (1951)
– “Liberdade para Aprender” (1969)
Importante: A ACP não rejeita a técnica — mas compreende que ela só tem valor clínico **quando a relação terapêutica é autêntica, respeitosa e centrada na pessoa, e não na ferramenta.
Como a ACP vê o processo terapêutico?
Na ACP, a mudança acontece dentro da relação, não por imposição externa.
O foco está no “como” a pessoa está se sentindo agora — mais do que em explicar o “porquê” disso.
O terapeuta não dá respostas prontas, nem conduz o caminho, mas oferece um tipo de presença que permite à pessoa se escutar de um jeito novo.
O objetivo não é dizer o que é certo ou errado — É ajudar a pessoa a se reconectar com o que é verdadeiro para ela.
Onde a ACP encontra sentido
A Abordagem Centrada na Pessoa ultrapassa as fronteiras do consultório.
Ela se manifesta em qualquer espaço onde um ser humano encontra outro — com presença, escuta e respeito.
Onde há vínculo, há espaço para a ACP.
Por isso, essa abordagem vem sendo aplicada em diversos contextos:
-
Acompanhamento de transições e crises existenciais (como perdas, recomeços, mudanças de identidade ou propósito)
-
Educação que respeita o tempo do aprender (formações que priorizam o diálogo, a escuta ativa e o florescimento de cada estudante)
-
Ambientes de cuidado em saúde física e mental (acolhimento de pacientes e familiares em contextos de dor, diagnóstico ou terminalidade)
-
Desenvolvimento de grupos e lideranças mais humanas (facilitação de processos com base na autenticidade, empatia e horizontalidade)
-
Espaços de justiça restaurativa e mediação de conflitos (intervenções onde a escuta não é ferramenta, mas fundação para a reconexão)
-
Práticas comunitárias, sociais e espirituais baseadas em presença (acolhimento de coletivos vulneráveis e promoção de sentido em contextos ampliados).
A ACP não é só uma técnica.
É uma postura de mundo — que acredita na potência do humano, mesmo quando ele está em ruína.
Por que essa abordagem continua tão atual?
Porque num mundo onde tantas relações são apressadas, controladoras ou normativas, a ACP resgata o valor do encontro humano real — onde a escuta transforma, a presença cura, e a liberdade não é concessão, mas ponto de partida.
Essa é a abordagem que sustenta meu trabalho clínico. Mas sei que há outros caminhos possíveis — e todos podem ser válidos quando sustentados com ética, ciência e presença.